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Usando o recurso atualmente mais avançado no país para a operação de aneurismas no cérebro, a equipe do Serviço de Neurorradiologia Intervencionista do Hospital Português realizou com sucesso o tratamento definitivo de um aneurisma cerebral de colo (abertura) largo, em uma paciente de 62 anos, portadora de quatro aneurismas cerebrais. O procedimento durou cerca de duas horas devido à localização do aneurisma em área delicada e de difícil acesso por via cirúrgica convencional. “O aneurisma tratado exigiu o emprego de uma nova técnica e a utilização de um novo material, até então inédito na Bahia, por se tratar de um aneurisma com localização e formato que impediam o tratamento seguro pelas técnicas convencionais até então disponíveis”, explica o líder da Neurorradiologia Intervencionista do HP e responsável pela condução do procedimento, Dr. Eduardo Mello, que recebeu como convidado o chefe do Serviço de Neurorradiologia Intervencionista do Hospital Universitário de Genebra, na Suiça, Dr. Vitor Pereira.

De acordo com o especialista, o aneurisma cerebral é ocasionado por uma zona de fragilidade na artéria, responsável pela dilatação dessa região devido à pressão e fluxo sanguíneos. O problema é considerado grave em razão do seu possível rompimento, o que leva a uma hemorragia cerebral (AVC hemorrágico). “Cerca de 1/3 dos pacientes vão a óbito após a ruptura de um aneurisma, e outros tantos evoluem com sequelas graves e irreversíveis. As chances de óbito caso haja novo rompimento do mesmo aneurisma sobem de 40 para 70%”, observa Dr. Eduardo Mello, sobre a enfermidade que afeta aproximadamente 1% da população. No caso da idosa operada em fevereiro no HP, ele informa que a rapidez na assistência e a infraestrutura hospitalar adequada ao procedimento de alta complexidade foram fatores decisivos para a sobrevida da paciente, que hoje realiza periodicamente consultas de revisão e segue sua rotina normal. “Ela está assintomática, sem qualquer sequela neurológica”, informa o especialista sobre a última consulta clínica.

TÉCNICA NEUROCIRURGICA INÉDITA NA BAHIA

Através de cateterismo cerebral os neurocirurgiões do HP revestiram internamente o segmento dilatado da artéria com um acessório denominado “stent diversor de fluxo PIPELINE” (tubo de metal flexível, de malha trançada, que se molda à artéria, fortalecendo a sua parede e dificultando a entrada e a saída de sangue no interior do aneurisma). Esse método permite tratar definitivamente aneurismas de colo largo, reduzindo progressivamente o fluxo sanguíneo no seu interior. O sangue estagnado na região do aneurisma se transforma em um coágulo, que desaparece com o passar do tempo. “Com esse método estanque, o sangue deixa de fluir no aneurisma provocando a formação de trombo (coágulo) em seu interior. Com o passar do tempo o trombo sofre processo de cicatrização e reduz progressivamente de tamanho até o seu completo desparecimento ao cabo de poucos meses”, informa o especialista, sobre a técnica e o material empregado pela primeira vez na Bahia. Até então, os pacientes com aneurismas semelhantes no Estado eram tratados com um outro material, o stent diversor de fluxo Silk, primeiro stent  diversor de fluxo que chegou ao Brasil.